por Thiago Oliveira –
Você já se sentiu confuso com a enorme variedade de cervejas existente atualmente? Cada vez mais, é mais fácil encontrar diversos tipos de cervejas artesanais, disponíveis em supermercados, bares e lojas especializadas. Incrivelmente, todas elas são fabricadas a partir dos mesmos insumos básicos! A Lei de Pureza Alemã, promulgada em 1516, definiu que existiam apenas três ingredientes da cerveja: malte, lúpulo e água. Hoje, mais de 500 anos depois, a bebida mais queridinha dos brasileiros sofreu diversas alterações.
Além desses ingredientes básicos, existem diversos adjuntos cervejeiros utilizados na fabricação. Há cervejas com milho, arroz, mel, chocolate, café, mandioca… a criatividade do cervejeiro é o limite! Toda essa variedade é devido à variação da proporção e do tipo dos ingredientes básicos, além de mudanças no processo produtivo. Por isso, quem quer produzir sua própria cerveja, deve saber bem a função de cada ingrediente.
Malte
O malte é a alma da cerveja! Ele é constituído de grãos maltados (ou germinados) de cereais, mais comumente cevada, mas também trigo ou centeio. Esse grão é então umidificado e depois secado ou torrado, tornando-se o famoso malte. Na etapa de brassagem, esse ingrediente fornecerá enzimas e amido. O amido é então convertido em álcool e gás carbônico pelas leveduras.
O tipo de malte é determinante para as características da cerveja: cor, sabor e aroma, além de corpo e espuma. Tudo isso é determinado por qual cereal é utilizado, além da intensidade do processo de secagem. Maltes mais claros são formados em uma secagem mais rápida e branda. Isso leva a cervejas com notas de pão e cereais. Quando secado por muito tempo e em uma temperatura alta, o malte pode dar notas de caramelo, café ou até mesmo chocolate.
Lúpulo
O lúpulo é o tempero da cerveja! Ele é uma florzinha responsável, principalmente, pelas características sensoriais da cerveja, como amargor e aroma. Além disso, ele também é um conservante e estabilizante de espuma natural. Ele pode ser encontrado em forma de flor, pó, extrato ou pellets (prensado).
O lúpulo é usado em pequenas quantidades: entre 40 e 300 gramas para 100 litros de cerveja. Ele é geralmente acrescentado na etapa de fervura do mosto. Apesar de existir apenas uma espécie de lúpulo (Humulus lupulus), há uma grande variedade de tipos. A escolha desse influencia no amargor e aroma. Existem lúpulos de notas herbais ou floral, e até mesmo notas frutadas. Geralmente, quanto mais lúpulo, mais amarga a cerveja.
Água
A água é o corpo da cerveja: cerca de 90% da composição é água. O líquido influencia, principalmente, na qualidade final da bebida. Isso porque os íons e outras impurezas presentes podem influenciar no sabor e amargor do lúpulo. Entretanto, não podemos dizer que quanto mais pura a água utilizada, melhor ou mais gostosa é a cerveja.
Isso pois a água de cada região produtora possui sais minerais característicos. Entretanto, estes podem ser removidos ou adicionados pelo cervejeiro para definir as características de cada estilo da cerveja.
Levedura
Sem a levedura, a cerveja não existiria. Esse ingrediente transforma todos os outros em cerveja. Isso pois ele é responsável pela fermentação do mosto da bebida. Ela é composta de micro-organismos (“bichinhos”) que se alimentam do açúcar gerado na quebra do amido do malte.
Esse insumo cervejeiro pode ser encontrado em pó ou líquido. Existem basicamente três famílias. A levedura Ale, de alta fermentação, influencia bastante no resultado final da bebida, levando a aromas e sabores mais intensos, como as Porter. Já a levedura Lager, de baixa fermentação, criam uma cerveja mais leve e refrescante, característica das populares cervejas Pilsen. As leveduras Brettanomyces são essenciais para a produção da exótica cerveja belga Lambic.
Adjuntos cervejeiros
A cerveja é uma bebida bem versátil. Além dos ingredientes básicos citados acima, outros podem ser adicionados conforme a criatividade e habilidade do cervejeiro. Os adjuntos cervejeiros são utilizados com funções diversas, como baratear custos, dar aroma, sabor, espuma, dentre outras.
Grãos, frutas, flores, plantas, raízes, madeiras, especiarias e condimentos são utilizados para criar cervejas de características peculiares, agradando os apreciadores que buscam algo diferente.
Já os polêmicos milho e arroz – chamados de cereais não maltados – podem substituir o malte da cerveja em até 45%, conforme a legislação brasileira. Eles atuam como fontes alternativas de açúcares. O seu uso leva a uma cerveja mais leve, refrescante, e também mais barata de se produzir. Entretanto, isso não quer dizer que a bebida tenha qualidade pior. Se utilizados corretamente, os adjuntos podem produzir ótimas cervejas, assim como existem excelentes cervejas puro malte. Tudo depende do gosto do consumidor!
Muitos amantes da cerveja sonham em produzir a sua própria bebida. A atividade é considerada um hobby, pois permite ao cervejeiro se especializar naquilo que ama, além de experimentar novos sabores. Tornar isso uma profissão e fonte de renda pode ser desafiador, pois o processo, apesar de simples, não é fácil. Por isso, é necessário conhecer a função e proporção de cada ingrediente da cerveja, além dos detalhes dos equipamentos e do processo de produção.
Agora que você já conhece todos os ingredientes da cerveja, que tal saber mais detalhes do processo de produção? Clique aqui.