Não é novidade que a indústria brasileira vem enfrentando dificuldades devido à recessão econômica que começa a mostrar melhoras. O que você talvez não saiba é que o mercado de alimentos foi um dos últimos a ser afetado pela crise e um dos primeiros a se recuperar, com um crescimento de 3,9% na receita nominal entre março de 2016 e março de 2017, de acordo com o Instituto Foodservice Brasil (IFB).
Contudo, mesmo se tratando de um mercado promissor e com grande potencial, é importante que aqueles que desejam se aventurar nesse ramo entendam as mudanças e tendências nos hábitos de consumo da população. Tendo rotinas sempre corridas, os consumidores vêm procurando alternativas que sejam mais práticas, sem deixar de ser saudáveis, por exemplo. Na lista abaixo, traremos 5 segmentos de alimentos cada vez mais procurados.
1. Produtos “free from” ou com quantidades reduzidas
Em tradução literal, “free from” significa “livre de”. Alguns por questões de saúde, como no caso dos diabéticos que necessitam controlar o consumo de açúcar. Outros pela preferência a determinados tipos de produtos, tornam esse, um segmento que se encontra em larga expansão.
O fato de muitas pessoas buscarem alimentos que ofereçam menores quantidades de substâncias consideradas nocivas à saúde é um esforço por uma vida mais saudável. Dessa forma, abrindo espaço para que os empreendedores possam se reinventar.
São muitos os elementos que podem ser substituídos por outros menos prejudiciais, como trocar o açúcar por sucralose, por exemplo. E, assim como com o açúcar, pode-se reduzir ou remover completamente: glúten, gorduras, lactose, sódio, etc. O segredo aqui é analisar o seu produto e ver o que pode ser diminuído ou removido.
2. Produtos que oferecem praticidade
No dia a dia, as pessoas possuem uma rotina cada vez mais corrida. Seja por conta do trabalho, estudos, ou outras atribuições. Fato é que muitas pessoas desejam gastar o menor tempo possível com tarefas do cotidiano. Por conta disso, alimentos que demandem o menor esforço possível para serem preparados estão sendo muito valorizados.
Dentro desse nicho, temos alimentos congelados, pré-cozidos, instantâneos e em pó, dentre muitos outros. Uma recomendação interessante para quem deseja ingressar nesse segmento é a de aliar a praticidade a opções mais saudáveis, uma vez que esse é um setor que tem muitas vezes dificuldades para conciliar essas duas qualidades. Empresas que conseguem obter êxito nessa tarefa geralmente são bem recompensadas: os consumidores aceitam pagar um pouco mais caro por produtos que lhes ofereçam saúde e praticidade.
3. Mercado de alimentos integrais
Embora não sejam uma grande novidade, esses produtos são variações relativamente simples de alimentos comuns. Além disso, podem trazer um grande retorno aos empreendedores que desejam trabalhar com eles. Devido ao fato de possuírem quantidades de fibras muito superiores àquelas encontradas nas versões “comuns” dos alimentos, os produtos integrais aumentam a sensação de saciedade e contribuem para um bom funcionamento do intestino.
Além disso, as fibras fazem com que o açúcar presente nos alimentos seja liberado mais lentamente no sangue, evitando os chamados “picos de índice glicêmico”. Tal fator é atrativo tanto para diabéticos como também para aqueles que desejam uma alimentação mais saudável. Dentre os alimentos integrais que estão caindo no gosto dos fregueses, tem-se o arroz integral, pães e torradas integrais, farinhas integrais etc.
4. Produtos veganos e vegetarianos
Primeiramente, vamos dar um panorama sobre o que é o veganismo e o vegetarianismo. O veganismo é uma forma de ativismo na qual os seus adeptos não consomem nada de origem animal, nem mesmo ovos ou leite, e também deixam de lado produtos testados em animais, sendo um movimento com motivações ideológicas e ambientais. Essa fatia de mercado costumava ser ignorada pela indústria alimentícia, até que o seu potencial foi reconhecido. Somente no Brasil, há cerca de 5 milhões de veganos, de acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Além disso, esse mercado cresce 40% ao ano, de acordo com a mesma fonte.
Já o vegetarianismo possui muitas variações, mas todas convergem em um aspecto: todas excluem o consumo de qualquer tipo de carne. Estima-se que há cerca de 16 milhões de vegetarianos no Brasil (incluindo veganos), segundo o censo do IBGE de 2012. Isso corresponde a 8% da população brasileira. De acordo com o Portal IG, o mercado vegetariano movimenta R$55 bilhões anualmente.
Portanto, explorar esse mercado pode ser interessante para os empreendedores que desejam trabalhar nesse setor. Uma vez que esse tem muito potencial para crescimento e vem se tornando cada vez mais popular.
5. Produtos minimamente processados
Na busca por alimentos mais saudáveis, muitos consumidores correm das embalagens com listas de ingredientes cheias de produtos químicos que desconhecem. Esses produtos têm nome: são os chamados alimentos processados e ultraprocessados. Para entender melhor esses conceitos, vamos pensar em um exemplo. Digamos que um produtor rural cultive milho e venda essas espigas na feira de domingo. Ele vende os milhos in natura. Agora, se uma empresa compra esse milho e decide vendê-lo enlatado, ele vende um produto processado. Por fim, se alguém compra esse milho e decide fazer salgadinhos de milho a partir dele, os salgadinhos de milho serão um produto ultraprocessado.
Em geral, quanto mais processado for o produto, mais aditivos químicos serão necessários. No nosso exemplo, a espiga de milho não precisaria de nenhum aditivo químico, enquanto que o milho enlatado já precisa de alguns conservantes, e o salgadinho precisaria além disso de um antiumectante, para evitar que ele absorva umidade e perca a crocância.
Portanto, a ideia nesse segmento é obter formulações com a menor quantidade possível de aditivos químicos, estudando e otimizando a formulação para tal. Essa medida também reduz os custos associados a ingredientes, uma vez que um menor uso de conservantes se traduz em um rendimento maior destes.
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Por Luís Fernandes