Em tempos de carnaval, destacam-se roupas e maquiagens carregadas de cores e de brilho. Para obterem esse efeito, os foliões usam e abusam do glitter, produto fabricado, originalmente, através de placas de plástico PVC ou de PET triturados com folhas de alumínio e outros produtos químicos. Quando as pessoas retiram o glitter no banho, a água leva as partículas – que medem em torno de 5 milímetros – para os rios e mares, contaminando assim a cadeia alimentar aquática como um todo e provocando degradações ambientais.
Neste contexto, surge uma oportunidade para muitos fabricantes, que têm buscado uma alternativa para uso de plástico mais consciente ao meio ambiente : a produção de glitter biodegradável. O bioglitter, como também é chamado, chegou no mercado como uma maneira sustentável e ecológica de aproveitar a folia de carnaval e enfeitar os produtos, sem que haja danos à natureza. Mas, afinal, como ocorre a produção deste glitter e quais materiais são necessários para começar a confecção? Ficou curioso sobre como aplicar essa ideia que visa sustentabilidade? Essas perguntas e mais informações serão explicadas ao longo deste texto.
Receitas caseiras
Existem diferentes maneiras de se obter glitter sustentável de forma caseira. Será abordado aqui a produção utilizando gelatina e mica.
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Para a confecção caseira, você precisa de pó de gelatina sem sabor incolor, água, corantes naturais e pó de mica prata ou dourada, que pode ser substituído por glitter corante comestível. Em relação à gelatina, pode-se optar pela goma guar, assim como uma alternativa vegana, utilizando, para tal, uma gelatina à base de algas, chamada pó de ágar-ágar .
Preparo da pasta de gelatina
A primeira etapa da confecção consiste no preparo da gelatina – ou semelhantes. Despeja-se, aos poucos, colheres de água quente, a fim de dissolver o conteúdo e obter uma textura homogênea. Em casos, nos quais apareça alguma granulação, realiza-se banho- maria à temperaturas amenas, de modo que se dissolve o restante.
Obtenção das cores
Após o preparo da pasta de gelatina, é a hora de incorporar cor à mistura. Existem diferentes substâncias para cada cor. Para tons verdes, utiliza-se pó de matcha, salsinha, mentas moídas e até folhas de espinafre. Se desejar amarelo, incorpora-se cúrcuma ou açafrão. Para tons vermelhos e rosados, aplica-se urucum ou pó de hibisco; violeta, pó de beterraba ou também sumo de amora e, para tom marrom, café ou cacau em pó são opções. Por fim, a fim de chegar ao glitter azul, usa-se sumo de repolho batido, misturado a bicarbonato de sódio.
Após escolher a cor desejada, adiciona-se, então, os corantes até que fiquem bem incorporados e, em seguida, coloca-se o pó de mica. Essa etapa garante um brilho mais intenso ao glitter. Com uma mistura homogênea, espalha-se todo o líquido em uma superfície plana, seja um esteira de silicone, papel manteiga ou folha de acetato, construindo uma camada média de bordas espessas, de modo que facilite o momento de retirada.
Trituração
A trituração consiste na etapa final do processo. Com um intervalo de dois dias, a folha despejada em superfície lisa começa a se desgrudar e, enfim, chega a hora de obter o produto final esperado. A folha é rasgada em pedaços menores, colocada em um liquidificador e triturada. O tamanho fica à escolha do produtor. Quando acaba a trituração, tem-se, por fim, o glitter biodegradável.
Produção em maior escala à base celulose
Cientistas estrangeiros estudaram e desenvolveram a produção do glitter biodegradável, que tem sua origem fora dos padrões caseiros, utilizando celulose. Essa opção vem para substituir o uso de substâncias tóxicas para tintas e cosméticos, ação que reduz a pegada ecológicade muitos fabricantes.
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Para obter este glitter atóxico e vegano, utiliza-se como base nanocristais de celulose. Eles podem vir da polpa da madeira, ou qualquer produto vegetal com celulose de fácil extração, tais como cascas de manga, banana, algodão e borra de café.
Obtenção do brilho
Um fenômeno natural chamado coloração estrutural permitiu a obtenção do brilho do glitter de celulose: finas camadas em superfícies microscópicas, similares a um filme, permitem que a luz entre no nanocristal e se dobre, emitindo diferentes cores.
Em termos técnicos, a estrutura helicoidal do nanocristal dispõe as camadas na forma de espiral, formando diferentes níveis para a luz. Tal convecção reflete cores distintas e, para selecionar a cor desejada, muda-se o tamanho dessas espécies de helicoides.
Transformação da celulose em glitter
De modo a transformar as partículas de celulose em glitter de fato, criam-se filmes de celulose em largas escalas, embalando-a em água. Conforme a água evapora, os materiais contraem-se, permitindo assim a confecção em espiral descrita.
Após o processo de automontagem, a película colorida de celulose é moída em partículas pequenas, chegando ao desejado: o glitter sustentável ecologicamente.
Conclusão
Portanto, fica claro como é fundamental a adesão a práticas de sustentabilidade. Desde ornamentos de Natal e Carnaval à colagens infantis, o glitter de microplástico está sempre presente e se configura como um grande problema nos dias atuais, prejudicial à vida aquática.
Nesse sentido, vale a pena investir na produção de glitter biodegradável e se tornar um produtor em sintonia com causas ambientais. Existem distintas formas de começar a sua produção e a Mult pode te ajudar em seus negócios, clique aqui para entender mais!
Por Ana Laura Lemes e Heitor Soares