Aumentar a produção envolve diversos fatores. Eles dependem tanto do aumento da demanda, quanto da própria produção. Tudo isso demanda estudo, planejamento e aplicação das estratégias. Em adição, quando o produto possui o selo artesanal, é ainda mais importante se atentar aos parâmetros para evitar problemas.
Neste texto você vai entender algumas medidas que possam te ajudar a aumentar sua produção sem perder o selo artesanal.
O que é um produto artesanal?
No Brasil, não há uma legislação que traga a definição específica de alimentos artesanais. Entretanto, alguns estados, possuem legislações próprias, como é o caso de São Paulo. De acordo com a Portaria do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de São Paulo nº 22/2020, alimentos artesanais são “aqueles fabricados a partir de técnicas e conhecimento de domínio dos manipuladores, com recursos predominantemente manuais, podendo apresentar características tradicionais, culturais ou regionais”.
De forma geral, segundo a Portaria nº 1.007-SEI, de 11 de junho de 2018, o artesanato envolve o emprego de técnicas de produção artesanal. A produção artesanal, por sua vez, consiste no uso ordenado de saberes, fazeres e procedimentos. Eles devem resultar em produtos com forma e função, que expressam criatividade, habilidade, qualidade, valores artísticos, históricos e culturais.
Além disso, ela também dispõe sobre o que não é artesanal. Exemplos disso são trabalhos de simples montagem, habilidades presentes em revistas ou programas de TV, os quais não apresentam identidade cultural, trabalho que segue moldes e padrões pré-definidos por matrizes comercializadas, entre outros.
O selo ARTE
Foi criado, a partir da Lei nº 13.680, de 14 de julho de 2018, a identificação de produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal pelo selo ARTE. Dessa forma, alimentos como queijos e laticínios, carnes, ovos e mel podem receber a certificação.
O selo traz algumas vantagens importantes, como reconhecimento e permissão de comercialização em todo o território nacional e garantia de inocuidade (não ser prejudicial). Além, claro, da oportunidade de agregar valor aos produtos e impulsionar a sua comercialização. Assim, a lei foi essencialmente benéfica para pequenos produtores e produtores da agricultura familiar.
Mais informações sobre o selo ARTE estão no site do Governo Federal.
Selo ARTE. Fonte: https://alimentusconsultoria.com.br/manual-do-selo-arte/.
Produtividade e aumento de produção
Primeiro, é importante entender o conceito de produtividade e aumento de produção. Nem sempre o aumento da produção está relacionado ao aumento da produtividade. Por exemplo, utilizar horas extras e mais turnos de trabalho garante um aumento da produção, mas pode significar estar diminuindo a produtividade. Isso, porque muitas vezes não se consegue utilizar a alta produtividade nesses recursos, seja pelo cansaço e fadiga ou pela experiência da mão-de-obra recém contratada. Da mesma forma, a compra de equipamentos também pode ser um investimento desnecessário se os recursos assumirem capacidade superior à sua expansão de mercado.
Então, antes de lançar mão desses recursos, será que se está utilizando o potencial máximo dos recursos? Para isso, é importante levar em consideração a otimização dos processos na produção.
A produtividade, portanto, leva em consideração a mão-de-obra, metodologias, layout, práticas gerenciais e organizacionais.
Como aumentar a produção artesanal de forma efetiva?
Não há um manual ou uma receita que ensina como aumentar a produção. Apesar disso, há alguns pontos que podem ser cruciais neste aspecto. É importante ter em mente que o aumento da produção deve ser acompanhado da expansão de mercado e da capacidade de estocagem do seu produto.
Layout
Repensar o layout de sua produção é um bom começo! A disposição dos equipamentos e fluxos de pessoas têm impacto direto na eficiência da produção. A estruturação dos processos pode otimizar as rotas e procedimentos de fabricação do seu produto. Isso garante agilidade a todo o processo produtivo.
Além disso, a adequação do espaço físico facilita o fluxo do produto ao longo da cadeia produtiva e pode abrir espaço para outras funções. Isso pode evitar gastos indesejados. Por exemplo, pode-se reduzir o gasto de energia, que pode ser responsável por até 40% dos gastos produtivos, segundo a Confederação Nacional das Indústrias.
Balanceamento de linha
Parte da adequação do layout é o balanceamento da linha de produção. Ele é responsável por garantir que os processos aconteçam de forma coesiva. Sendo assim, a cadeia produtiva pode ser seguida de forma contínua, evitando desperdício de tempo e a ociosidade. Ele visa anular o “gargalo”, encontrado na diferença de tempo de produção de cada etapa, por exemplo. Essa é uma ferramenta muito útil para aumentar a produtividade, como comentamos acima.
Agora imagine que uma etapa de sua produção dure 1 hora, enquanto as demais têm média de 35 minutos para serem concluídas. É possível também utilizar um maquinário que auxilie a etapa de maior tempo e esforço. Assim, o tempo pode ser otimizado ou melhor aproveitado em outra etapa. Este maquinário pode ser uma batedeira, panela com misturador integrado ou uma seladora e embaladora de produtos.
Manual de Boas Práticas de Fabricação Artesanal
O Decreto nº 9.918, de 18 de julho de 2019, define Boas Práticas de Fabricação (BPF) de produtos artesanais “procedimentos e condições higiênico-sanitárias e operacionais […] com o objetivo de garantir a inocuidade alimentar, identidade, a qualidade e a integridade dos produtos de origem animal”.
Esse é um ponto importante, já que muitos alimentos, se produzidos de forma irregular, podem apresentar riscos ao consumidor. Mas, além disso, seguir os procedimentos garantem qualidade constante ao produto final e maior segurança quanto ao prazo de validade. Sendo assim, a estocagem e venda podem ocorrer em outros lugares tendo a margem de segurança da qualidade do produto.
Aumento da vida útil
O aumento da vida útil também está ligado à capacidade de aumentar a produção, já que permite uma série de vantagens na sua comercialização. A escolha da embalagem, método de fabricação e uso de aditivos impactam diretamente na validade.
A embalagem ideal para um produto depende de características específicas e pode variar bastante. Entretanto, é importante que ela forneça uma barreira efetiva ao meio externo, evitando a entrada de microorganismos e oxigênio.
O método de fabricação de forma a evitar contaminações também influenciam na conservação do produto, e cada produção possui seus métodos específicos. Já o uso de aditivos são empregados para combater efeitos enzimáticos e microbiológicos que contribuem para a deterioração dos alimentos. Não apenas, o estudo dos ingredientes ideais é fundamental, uma vez que eles podem apresentar restrições nas suas propriedades e na conservação.
Conteúdos abordados neste texto, como aumento de vida útil, aditivos e manual de Boas Práticas de Fabricação podem ser encontrados neste link. Além disso, a Mult oferece soluções que englobam todos esses assuntos, entre em contato conosco.
João Vítor Lasmar